Pegadas na Areia

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia, com o Senhor, e através do céu passavam cenas da minha vida. Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia; um era o meu e o outro era do Senhor.

Quando a ultima cena da minha vida passou olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também, que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso esntristeceu-me muito, e perguntei então ao Senhor:

Senhor. Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre comigo todo o caminho, mas notei que durante as maiores dificuldades da vida, haviam na areia apenas um par de pegadas. Não compreendo por que, nas horas que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixastes.

O SENHOR ME RESPONDEU:

Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento. Quando viste na areia apenas um par de pegadas, foi exatamente ai que Eu, nos braços... te carreguei.

Jesus o caminheiro do amor...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Amigos: junção e não fusão de dilemas


Não concordo com a ideia de que os amigos são coisas que faltam em mim. Essa palavra "coisa", que quero usá-la para explicar o que os amigos não são, a princípio não me agradou. Mas, percebi que tem tudo a ver com o que quero falar. Então, explico. O amigo não é a voz que não tenho, naquelas situações em que preciso cantar, como para falar, criticar e opinar. Ele também não é meu servo, meu escravo, que tem que estar 24 horas disponível, atento às minhas necessidades e carências. O amigo sabe que sou só, mesmo sabendo que nossa amizade proporciona intimidade e profundidade. Ele é diferente de mim.

Talvez, eu goste de carne bovina e ele não. Ou, talvez, ele goste de vinagre com cebola crua e eu deteste e, ainda, talvez eu goste de vinho e ele não. Posso começar a questionar essa amizade se, por acaso, eu passar a mudar meus gostos, tipo, achando que isso vai agradar meu amigo... Na verdade, se isso acontecer, é sinal de que estou me deixando influenciar por quem chegou na minha vida com a proposta de me amar do jeito que eu sou, mesmo eu gostando do que eu gosto e mesmo não lhe agradando. Mas, têm coisas que vamos passar a desfrutar só após a chegada do amigo sem deixar de ser quem somos. Talvez um suco de limão bem azedinho etc.

O amigo não roubará para si as nossas dificuldades, o nosso sofrer. Essa atitude heróica pode ser linda, louvável e digna de aplausos. Mas, ela pode nos estragar. Nossas dores são matéria com potencial para nos fazer crescer. Cabe à nossa decisão, é claro. O amigo saberá que sua presença, e somente a sua presença nessa hora, é o mais importante. E, mais cedo ou mais tarde, ele dirá: "preciso ir embora". Mesmo sendo quem ele é, precisará ir, pois tem o seu lugar e sua hora. Isso pode parecer um tanto insensível, mas acho que os amigos se unem e não se confundem entre si. Nesse mundo das relações cada vez mais superficiais, presenças são o que não faltam. "Amigos" são utilizáveis (e por que não descartáveis?) aos montes e quase não se tem tempo para si. A solidão é banida. Logo, reificar ou coisificar pessoas significa esvaziamento e alienação de si. Portanto, não crescimento.

Nos momentos de dificuldades, Cireneu, aquele que ajudou o Senhor na subida até o Calvário, pode ser tomado como um bom exemplo. A Cruz não era dele. Ele ajudou Jesus até certo ponto. Dali pra frente era com Jesus. Isso é também uma forma de respeito. A dor, o calvário só poderão ser sofridos pelo amigo, também, até certo ponto. O que fica nesse momento é a crença de que ele conseguirá. Aqui, brota o sentimento de impotência, por ver o amado sofrer e não poder fazer nada.

Os amigos se olham e se percebem. Não estarão fundidos um no outro. Do contrário, não seria amizade. Há uma junção, dois caminhantes rumo aos desafios da vida. Claro, ambos terão no coração o desejo de, se preciso, dar a vida um pelo outro, para que ele viva a sua vida, pois a verdadeira amizade é sempre livre de todo desejo de possuir, de centralizar em si o controle das decisões.

A coisificação do outro é sempre uma atitude mais fácil a ser tomada. Mas, o meu amigo não serve pra compensar o que falta em mim. E eu também não suprirei suas ausências. Eu, com meus dilemas, ele com os dilemas dele, nos tornamos um somente quando respeitamos os limites da solidão que ambos temos.


Por: Igo Emmanuel
Dono do Blog: Uma vida e seus dilemas?
Link: http://bit.ly/lXh9Cf

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