Está no jornal de hoje; alguém (um político) disse:
“Para se conseguir chegar a alguma coisa, não basta querer; precisa ser “VOCACIONADO”
Não tem nada a ver com o ter vocação, inclinação, jeito, paixão, ou tendência; tem que ser “Vocacionado”; se não for, nada feito.
De início, pensei ter lido errado; deve ser “ovacionado”; o que eu aceitaria tranqüilamente, porque a pessoa chegaria lá por aclamação, por ovação, por consenso e aprovação popular gritados abertamente.
Não: a palavra é mesmo “vocacionado”; não está no velho Aurélio, mas dá idéia de ser alguma coisa que vem do céu, uma bênção divina, um dom sobrenatural, que faz do ser um predestinado, um eleito, separado desde sempre daquele cinza anônimo e disforme da multidão.
Ai, tentei pensar em termos paralelos:
Assim como não adianta ser hábil, saber fazer, ter o jeitinho; não: tem que ser “habilitado”.
A distância entre o hábil e o habilitado é, imagino, apenas um diploma, um canudo; um pedaço de papel.
E este nunca garantirá diferença de qualidade entre as realizações de um e de outro.
Assim como para comer não basta ter fome; tem que ter vontade, força, impulso; tem que ser “esfomeado”
Só assim, ele superará tantas barreiras naturais, culturais e éticas, que lhe impõem a fome como um princípio de vida e como um pressuposto do aperfeiçoamento permanente – e desejável - do ser humano.
“A vocação é um quebra-cabeça, você só tem que juntar as peças”
No louvor de Deus, Clauner.